segunda-feira, 4 de abril de 2011

Poukaterra

O comboio é um escorrega que baloiça saloio

Entre choques de trigos e cheias, passeantes de choupos da segunda-feira

Pouka terra pouka terra

Pontes, postes, sanitários- banheiras e laranjeiras anãs dopadas

Em condomínios fechados

Na berma dos carris, carruagens abandonadas

Quanto falta para (não) chegar a casa?

Pouka terra pouka terra pouka terra

Gruas, ruídos, estantes de rumores

Cabos, fins, exaustores

Não me canso não me canso não me canso

Nem alcanço a próxima paragem

A pasta do fiscal, um sinal e sinto-me picada

Por um roxo improvável na janela da fachada

Uma água em ângulo escaleno, contraceno com a bandeira de Portugal

E vedações, roupas a secar

Um presidente solidário, não se esqueça de votar

E logo recomeça o jogo aos dados

Dos quarteirões homologados

Kosmos intermarché

Supra-elevadas, matas, tanques

Containers vadios

Vazios e Graffitis, romãs e julietas

Vapor que não é neblina, nicotinas devaneadas

Janelas alistadas e mais vapor

Pavor misto

AUTO-LAVAGEM:

Uma viagem de comboio é isto

O resto é paisagem.

E antes que a Vasco da Gama acorde o último peixe

Vejo o feixe

De luxo do Oriente engolido pela manhã nascente.

E no jornal mais uma guerra

Pouka terra pouka terra pouka terra

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Paola D'Agostino (Mato de Miranda, 10/01/2011)



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